No estudo da
genealogia da família Alves Feitosa, radicada no Nordeste brasileiro e,
principalmente, no Estado do Ceará, o personagem João Alves Feitosa aparece
como o ascendente mais remoto[1],
exercendo funções militares em Penedo, Alagoas (então pertencente à Capitania
de Pernambuco), bem como requerendo sesmarias, no final do século XVII.
Segundo Aécio
Feitosa[2],
João teria casado com Ana Gomes Vieira - filha do rico colono português,
Coronel Manuel Martins Chaves – com o qual o teve dois filhos, Lourenço e
Francisco, sendo este considerado o patriarca da família em razão de sua extensa
prole.
Até recentemente, o nome da esposa de Manuel Martins Chaves - mãe de Ana e sogra de João -
era praticamente desconhecido dos pesquisadores que se dedicam ao estudo da
família Feitosa. Apenas o escritor e genealogista Fernando Araújo Farias[3]
arriscou-se a fazê-lo, indicando-a apenas como Úrsula.
A relevância do
tronco Martins Chaves no entrelaçamento com a família Feitosa é das mais
importantes, conforme demonstraremos adiante. Nesse estudo, apresentamos não
apenas dados genealógicos, como também procuramos inserí-los no contexto da
história colonial nordestina e brasileira.
I – Sobre Manuel
Martins Chaves, sua esposa e algumas parentelas
Na pesquisa sobre
a vida de Manuel Martins Chaves, o documento mais relevante, até o momento,
trata-se de uma carta escrita por Alexandre de Sousa Freyre, Governador-Geral
da Bahia (13.07.1667 a 08.05.1671), datada de 19.07.1670, na qual o mandatário
narrou a queixa do Reverendo Padre Reitor do Collegio do Penedo, de que um
oficial de justiça teria tentado realizar uma execução por dívida do sogro de
Manuel, recaindo sobre seus escravos, mas teriam sido impedidos por membros da
família deste.
O governador
advertiu que a toda a família de Manuel Martins poderia ter sido implicada, mas
por consideração assim não se fez, sendo seu desejo que a questão fosse
satisfeita de maneira pacífica, se possível com a resolução da dívida através
de pagamento pelo próprio destinatário da missiva ou que não fosse atrapalhada
a continuidade da execução já iniciada (penhora)[4],
confira-se:
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da Villa do Penedo Digo carta
que se escreveu a Manuel Martins Chaves
O Reverendo Padre Reitor do Collegio desta cidade me presentou uma
certidão, pela qual consta que . . as pessoas dessa casa de Vossa Mercê
impediram a execução que em uns escravos de seu sogro de Vossa Mercê se fazia
por uma sentença que tinham, resistindo á justiça, e porque podendo se ter dado
querela de toda a sua família se não fez, e eu desejo que sem padecer violência
fique o Collegio satisfeito; me pareceu escrever a Vossa Mercê esta carta; e
encommendar-lhe que disponha este pagamento de seu sogro de maneira que se
evite chegar-se á última execução, que precisamente ha de ter effeito quando se
não remedeie por outros bens, equivalentes, nas mesmas peças que se começam a
executar, por ser inexcusável o rigor; assim pelo tempo que ha que se tem faltado,
pela resistencia ao cumprimento da sentença, como porque não é justo se
permitta não ter o devido respeito aos officiaes da justiça, e se Vossa Mercê
fizer este beneficio . . . . e a sua casa lhe ficarei muito agradecido. Guarde
Deus a Vossa Mercê. Bahia e Julho 19 de 1670.
Alexandre de Sousa Freyre
Embora o título da
correspondência inicie com o endereçamento ao Capitão-mor da Villa de Penedo,
logo depois foi realizada uma corrigenda. Sabe-se que este cargo era ocupado
naquela mesma época por João Vieira de Morais.
Também não há a
indicação que Manuel Martins Chaves ocupasse o posto de coronel, tal como posto
por Aécio Feitosa, embora essa hipótese não possa ser descartada. É bem
provável que se Coronel fosse, a menção teria sido realizada na epístola. Todavia,
o tratamento respeitoso do Governador-Geral do Brasil demonstra que o
personagem possuía bastante prestígio na região. Desconhece-se a sua
ascendência.
Venício Feitosa
Neves[5]
afirma que Manuel teria parentesco com João Martins Bertanha, sesmeiro oriundo
da Bahia, com glebas de terras obtidas na região do rio Vaza Barris, lado
Sergipe.
Voltando à
pesquisa do nome da esposa de Manuel Martins, o historiador Pedro Calmon[6],
na obra referência Introdução e Notas ao Catálogo Genealógico das principais
famílias, de Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, registrou a existência
de uma senhora chamada D. Maria da Cruz Portocarreiro, filha de Pedro Gomes de
Abreu e de Domingas Francisca Travassos e neta, pela via materna, de Manuel
Martins Chaves e de sua mulher, D. Maria da Cruz Portocarreiro. Seria este o
mesmo Manuel Martins Chaves, sogro de João Alves Feitosa, ou se trataria apenas
de um caso de homonímia, tão comum naqueles tempos?
A resposta a esse
questionamento começou a ser revelada no ano de 2004, quando os pesquisadores mineiros
Giselle Fagundes e Nahílson Martins voltaram seus olhares para uma personagem
do século XVIII, D. Maria da Cruz Porto Carreiro (sobrenome grafado conjunta ou
separadamente nos registros), através do livro Alvará de perdão concedido a
D. Maria da Cruz, Viúva, cuja personagem já era relativamente bem citada na
historiografia local. Viúva do português Salvador Cardoso de Oliveira,
bandeirante paulista, D. Maria liderou uma revolta[7] contra a cobrança da
Capitação, um imposto criado para substituir o Quinto[8]
do Ouro, pois não admitiam que a nova taxação recaíssem sobre terras tão
distantes das minas, já que morava bem mais ao norte, no atual município de
Pedras de Maria da Cruz - MG, em sua homenagem.
Em pouco tempo, a
revolta foi sufocada. D. Maria, uma das cabeças do movimento, foi presa e
levada a Ouro Preto, sendo poucos dias depois transferida para uma fortaleza no
Rio de Janeiro, onde permaneceu detida por um ano, até ser novamente
transferida para Salvador, para julgamento pelo Tribunal da Relação.
O cônego Roque
Luís de Macêdo Leme da Câmara[9],
brasileiro que se dedicou ao estudo da genealogia das principais famílias
brasileiros no século XVIII, é autor de um manuscrito intitulado “Nobiliarquia
Brasiliense” - documento que embasou parte da pesquisa acima citada – no qual
aponta que D. Maria da Cruz era filha de Pedro Gomes de Abreu c.c. Domingas
Francisca Travassos, esta filha de Manuel Martins Chaves e de outra Maria da
Cruz Porto Carreiro. Eis, então, a primeira indicação sobre a esposa de
Manuel Martins, sogra de João Alves Feitosa.
Árvore de costados
de D. Maria da Cruz Porto Carreiro.
Esse registro
genealógico de parentesco é adotado, igualmente, por outros pesquisadores, a
saber Heitor Feitosa Macedo[10],
Venício Feitosa Neves[11]
e professor Lailson Gurgel Feitosa.
Pedro Gomes de
Abreu, filho de Leonel de Abreu, Senhor da Casa de Regalados, teve extensa
carreira militar (detalhada mais adiante), vindo a falecer em 20.12.1692[12].
Seguindo ainda as
pistas sobre a primeira D. Maria da Cruz, Giselle Fagundes e Nahílson Martins
descrevem o termo de adesão como Irmão da Misericórdia de Domingos Martins
Pereira, genro de D. Maria, confeccionado em 10.04.1729, na Bahia. Neste
documento, consignou-se que Domingos era casado com D. Catarina do Prado, filha
de Salvador Cardoso de Oliveira e de D. Maria da Cruz, “natural da vila do
Penedo, Bispado de Pernambuco”[13].
Empreendemos busca
sobre o dito documento – e outros - junto à Santa Casa de Misericórdia da Bahia[14],
empreitada que logrou êxito, confira-se:
Segue a sua
transcrição, com a extensão das abreviaturas:
Termo do Irmão Domingos Martins Pereira
Maior
Aos 10 dias do mez
de junho de abril de mil e setecentos e vinte e nove annos nesta Cidade da
Bahia e Casa do Consistorio da Mesa desta Casa da Santa Casa de Misericordia
estando o Irmão Provedor o Reverendo Chantre João Calmon comigo Provisão abaixo
nomeado e os mais Irmãos Conselheiros e Irmãos da Mesa e Junta, foi proposta
uma petição do Coronel Domingos Martins Pereira, natural desta Cidade, filho
legitimo do Cappitao Francisco Martins Pereira já defunto, familiar do Santo
officio e de D. Antonia de Uzeda de Araujo já defunta, Irmãos que foram desta
Santa Casa, casado com D. Catharina do Prado e Oliveira, natural deste
arcebispado freguesia de S. Antonio do Rio de S. Francisco, filha legitima
do Coronel Salvador Cardoso de Oliveira, natural da Cidade de S. Paulo, bispado
do Rio de Janeiro, e de D. Maria da Cruz, natural da Villa do Penedo,
bispado de Pernambuco, elle dito Coronel Salvador Cardoso irmão paterno de
Domingos do Padro de Oliveira familiar tambem do Santo officio em a qual
petição pedia o admitissem por Irmão desta Santa Irmandade, o que visto pelo
dito Irão Provedor e mais Irmãos da Mesa precedendo as informações necessárias,
pondo-se em votos, como dispoem o Compromisso, sahio admittido por resolução da
Mesa e Junta, e se lhe deo o juramento da posse em um missal e prometteo
guardar as disposições do Compromisso como nelle se contem, do que fiz este
termo que assignam o dito Irmão com o dito Provedor, e eu André Marques
Provisão da Mesa que o fiz.
Provedor João Calmon
André Marques
Domingos Martins Pereira
Em outro termo de
adesão, de Manuel Rodrigues Vieira (primo de D. Maria da Cruz, a 2ª), datado de
06.04.1727, estão registrados como avós do novo Irmão da Misericórdia, os
mesmos personagens indicados por Roque Luís de Macêdo Leme da Câmara - Manuel
Martins Chaves e Maria da Cruz Porto Carreiro - informando-se, ainda que ambos
eram naturais da Vila do Penedo, assim como seu pai, o homônimo Manuel
Rodrigues Vieira e Paula Martins Chaves, irmã da mãe de D. Maria da Cruz, D.
Domingas [15]. A novidade deste documento é a revelação da patente de Manuel Martins Chaves, Capitão.
Eis o documento[16]:
Segue a
transcrição:
Termo do Irmão Manuel Rodrigues Vieira
De maior
Aos seis dias de
Abril de 1727 nesta Cidade da Bahia e Consistorio da Santa Casa da Misericórdia
della estando em Mesa o Irmão Provedor Francisco Lopes Vilas-Boas
Mestre de Campo da artilharia, comigo Provisão abaixo assignado e os mais
Irmãos Conselheiros e Junta, pelo dito Provedor foi proposta a petição de
Manuel Rodrigues Vieira, natural da Villa do Penedo do Rio de São Francisco, filho
legítimo do sargento maior Manuel Rodrigues Vieira e de D. Paula Martins
Chaves, natural da mesma Villa, neto por parte paterna de Aleixo Fernandes
Vieira natural da Comarca da Feira, bispado do Porto e de
Catarina Rodrigues de Albuquerque, natural do Penedo e por parte
materna neto do Capitão Manuel Martins Chaves e de Maria da Cruz
PortoCarreiro, natural da mesma Villa, casado com Maria da
Cruz, filha do alferes Manuel Ribeiro da Cruz e de Antonia de Padua de
Oliveira, já defuntos, Irmãos que foram desa Santa Casa, em que pedia ser
admittido por Irmão della e de fato foram admittidos e no dia seguinte o dito
Irmão Provedor lhe deo o juramento em um missal, em que pôz as mãos, e
prometteo de guardar as disposições do Compromisso de que tudo fiz este termo
que assignou comigo Jacinto Ferreira Feio de Faria, Provisão actual, que o fiz
e assignei.
Jacinto Ferreira Feio de Faria
Manuel Rodrigues Vieira
Nota marginal da
lateral esquerda: Por resolução da Mesa do Provedor de Misericórdia foi
expulso esse Irmão da Irmandade e para constar esta verba Amaral.
Além da
confirmação das informações mencionadas, o termo traz a relevante ratificação documental
de que Paula Martins Chaves era filha de Manuel Martins Chaves e de D. Maria da
Cruz. Mas não é só! D. Paula seria casada com o sargento-mor Manuel Rodrigues
Vieira.
A informação vai
de encontro, parcialmente, ao que afirma Antônio José Victoriano Borges da
Fonseca[17] - Capitão-mor governador do Ceará e célebre autor de
uma das festejadas obras da genealogia nordestina - de que Paula Martins
seria casada com N…. de Menezes, sendo mãe de Catharina… c.c. o Cel. Francisco
Alves Feitosa, estes, por sua vez, pais de D. Maria Alves Vieira c.c. João
Cavalcante de Albuquerque. A Catharina, como consta em outra passagem do mesmo
autor, é Catharina Cardosa da Rocha Resende Macrina, primeira esposa de
Francisco. Seria essa Paula Martins a mesma Paula Martins Chaves, acima
descrita? Em caso afirmativo, Francisco e Catharina seriam primos, pois Paula
Martins Chaves seria irmã de Ana Gomes Vieira, ambas filhas do casal Manuel
Martins Chaves.
Em 1807, o
Capitão-Mor dos Inhamuns, José Alves Feitosa, apresentou petição de
justificação aos Senados das Câmaras Municipal de São João do Príncipe (depois
Tauá) e Icó, para registro em cartório, na qual afirma que Francisco Alves
Feitosa, seu bisavô, teria sido casado com “Dona Catharina Cardoza da Roxa
Rezende Macrina a qual segundo a serie e explicação da descendencia e progenie
dos Cavalcante Albuquerque feita pelo Governador que foi desta Capitania o
Tenente Coronel Antonio Joze Victoriano Borges da Fonseca e segundo o que hé
publico procede de Fernão Dias de Andrade que foi fidalgo da Casa Real cazado
com Dona Angela Berenguer de Alcaminha (...)”[18].
Foi sua testemunha o Sargento-mor Leandro Custódio de Oliveira e Castro.
A descendência do
casal Fernão Dias de Andrade e Angela Berenguer Alcaminha consta da obra de
Borges da Fonseca, mas não há indicação que os relacione com D. Catharina
Cardosa. Os personagens são tidos como patriarca e matriarca da família
Carvalho, de Pernambuco, que se entrelaçaria com aos Cavalcante Albuquerque[19],
mas Catharina não é sequer relacionada nesse ponto do estudo. É possível que a
informação acima tenha sido repassada após a conclusão do referido compêndio ao
Capitão-Mor José Alves Feitosa.
Não custa lembrar
que, embora o levantamento do genealogista e governador seja considerado um dos
maiores legados da genealogia nordestina, não se encontra infenso a equívocos
ou imprecisões - naturais a um trabalho em que se mesclam tradição oral e
documentos remotos – como bem demonstraram autores da estirpe do Desembargador
Carlos Xavier Paes Barreto, escritor contemporâneo de importantes obras
genealógicas no século XX.
Em outra linha de
compreensão, o respeitável historiador Raimundo Girão[20]
assinala que Paula Martins teria sido casada com Jorge de Montes Bocarro, pais
de João de Montes Bocarro, este, por seu turno, pai de Francisco de Montes e
Silva, personagem que teve sérias contendas com os irmãos Lourenço e Francisco
Alves Feitosa no começo do século XVIII, com auge no biênio 1724-1725.
O saudoso
pesquisador Fernando Araújo Farias[21]
adotou essa tese, atentando “para a certeza de que Feitosas e Montes era
procedentes do Penedo, onde o patriarca João Alves Feitosa casou-se com uma
filha de Manoel Martins, cujo último apelido foi omitido, e outro não
poderia ser que não Chaves, única explicação para o emprego da expressão
‘todos da mesma família’(...)”. (destaques originais)
Seguindo idêntico trilho interpretativo, Helvécio Neves Feitosa[22] e Venício Feitosa Neves assinalam Catharina Cardosa da Rocha Resende Macrina como filha de uma tal Paula Martins (como registrou Borges da Fonseca), filha de Jorge de Montes Bocarro.
Se chegarmos à
mesma conclusão, Catharina seria irmã de João de Montes Bocarro e tia de Francisco
de Montes e Silva. Como Francisco de Montes era contemporâneo de Lourenço e
Francisco Alves Feitosa, há duas hipóteses: a) Catharina seria mais idosa que o
marido Francisco Feitosa, o que se mostra improvável, pois o casal teve
significativa prole; b) Catharina seria a filha mais nova do casal citado,
sendo João de Montes Bocarro seu irmão bem mais velho, de modo que sua idade
fosse compatível com a do sobrinho Francisco de Montes e Silva, o que nos
parece possível. Essa conjectura, aliás, fortaleceria o argumento daqueles que
defendem que Catharina foi a primeira esposa de Francisco Alves Feitosa, e
Isabel de Montes e Silva, irmã de Francisco de Montes, portanto, também sua
sobrinha, foi a segunda.
Não é de se
estranhar que ambas as informações sejam verdadeiras, pois na época era comum
que homens e mulheres casassem mais de uma vez, basta que se cite, para tanto,
que o próprio Cel. Francisco Alves Feitosa fora casado três vezes, com três
viúvas[23].
Sobre o
sargento-mor da ordenança de Sergipe de El-Rei, Manuel Rodrigues Vieira (marido
de Paula Martins Chaves), patente[24]
passada em 07.02.1687, encontramos a informação de que o mesmo serviu desde o
posto de soldado, alferes de cavalo, tenente e capitão da vila do Penedo
(o que corrobora a informação constante da inscrição do filho homônimo como
Irmão da Misericórdia), desde o ano de 1667 (como alferes) a 1686 e, mesmo
antes disso, tendo combatido os holandeses. Participou, também, de ataques ao
quilombo dos Palmares. Pertenceu, portanto, ao mesmo terço militar do qual João
Alves Feitosa fez parte.
Seus pais seriam
Aleixo Fernandes Vieira, natural da Comarca da Feira,
bispado do Porto, e Catarina Rodrigues de Albuquerque, natural do
Penedo. Seria Catharina Resende da Rocha Macrina sua filha (com nome
em homenagem à avó paterna), e não de N… de Menezes, como sustentou Borges da
Fonseca? Ainda não é possível concluir nesse sentido.
Prosseguindo pela
obra de Gisele Fagundes e Nahílson Martins, outro documento que chama a atenção
é o processo que resultou na concessão do Hábito da Ordem de Cristo a Antônio
Gomes Ferrão Castelo Branco, neto de D. Maria da Cruz, onde restou consignado
que Antônio era “Neto pela parte materna do coronel Salvador Cardoso de
Oliveira, já falecido, natural da cidade de São Paulo, freguesia da mesma
cidade, bispado do Rio de Janeiro, seu irmão inteiro Domingos Cardoso do Prado
foi Familiar do Santo Ofício, de sua mulher, D. Maria da Cruz Porto
Carreiro, natural e batizada na freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Vila
do Penedo, comarca de Alagoas, bispado de Pernambuco. Seu irmão frei Manuel
da Madre de Deus foi guardião do convento de São Francisco da Vila do Penedo e
visitador geral das missões daquele sertão”[25].
(destacamos)
Aqui mais uma
confirmação – submetido ao crivo de testemunhas - da naturalidade de D. Maria
da Cruz Porto Carreiro (a nova) e de seu irmão, frei Manuel da Madre de Deus,
ambos de Penedo-AL.
O processo de
habilitação na Ordem de Cristo era longo e rigoroso, pois havia a necessidade
de se verificar se o habilitante era cristão-velho, noutras palavras, se o
próprio ou sua ascendência estava “limpo” do sangue judeu.
Mais uma obra que
nos traz importantes informações sobre D. Maria da Cruz é de autoria das
historiadoras e professoras da UFMG, Ângela Viana Botelho e Carla Anastasia,
intitulada D. Maria da Cruz e a Sedição de 1736, na qual são
reproduzidos o testamento e o codicilo da personagem.
No primeiro
documento, D. Maria declara “sou natural do Pene/do freguezia de Nossa
Senhora do Rozario / filha do Capitão Pedro Gomes Fer/reyra já defunto e de sua
mulher Domin/gas Ferreyra que inda he viva e que fuy ca/zada na forma da Igreja
com o Coro/nel Salvador Cardoso já defunto de / cujo matrimonio tivemos seis
filhos (..)”[26], refirmando,
assim, todos os documentos já citados sobre sua naturalidade. Como legado,
deixou, ainda, “cincoenta mil reis de esmolla ao Con/vento de São Francisco
da Villa do Penedo”[27].
Também aparece o
nome da mãe de D. Maria da Cruz como Domingas Ferreyra e não Domingas Francisca
Travassos, conforme registrado por Gisele Fagundes e Nahílson Martins. Seu pai
é citado como o Capitão Pedro Gomes Ferreira e não Pedro Gomes de Abreu, este
descendente do tenente-general Pedro Gomes, “o velho”, instituidor do morgado
de Porto da Folha. É revelada, ainda, a existência de uma irmã[28]
chamada Benta Gomes.
A declaração testamentária fez com que Ângela
Botelho e Carla Anastasia investigassem a fundo a divergência sobre o
parentesco apontado pelos documentos já mencionados (de Frei Jaboatão e Roque
Luís Macêdo da Câmara), chegando à conclusão de que Pedro Gomes Ferreira não
seria o mesmo Pedro Gomes de Abreu[29].
A resposta pode
ser obtida pela leitura das diligências de habilitação para a concessão do
Hábito de Cristo ao Cel. Alexandre Gomes Ferrão Castelo Branco (filho de
Antônio Gomes e Maria Francisca Castelo Branco), casado com Maria Cardozo de
Oliveyra, filha de D. Maria da Cruz Porto Carreiro (2ª) e Salvador Cardoso.
Consignou-se que seu avô paterno era o Mestre de Campo Pedro Gomes, natural da
Vila de Arcos de Valdevez, Província do Minho, Portugal, casado coma baiana
Isabel Madeira, enquanto que sua esposa seria neta pela parte materna do
Capitão Pedro Gomes, da cidade da Bahia, natural da freguesia de Sergipe do
Conde, e de Domingas Ferreyra, batizada na freguesia da Vila de Penedo.
Seguem trechos do
documento citado[30]:
Aprofundamos o
estudo, neste ponto, diante das divergências entre os pesquisadores que se
dedicam à genealogia da família Feitosa.
A análise da
carreira militar dos personagens também permite concluir pela correção dos
dados acima. Pedro Gomes de Abreu (n. 1611, + 20.12.1692) veio ao Brasil como
soldado, por volta de 1624-1625, tendo participado de várias contendas,
inclusive da Restauração da Bahia e de Pernambuco, quando expulsou os
holandeses. Foi cabo de esquadra (1627), sargento (1631), alferes (1633),
capitão (agosto de 1638), sargento-mor (novembro de 1651), tenente de mestre de
campo general (1657) e mestre de campo do terço (25.04.1672) e Governador do
Rio de Janeiro[31].
Faleceu, como dito, em 20.12.1692.
Para que fosse
considerado pai de D. Maria da Cruz (2ª), teria que se admitir que já o fizera
já em provecta idade, já que Maria faleceu[32]
em 23.06.1760, o que parece de todo improvável.
Sobre o outro
Pedro Gomes, o Ferreira, foi passada patente de Capitão da Infantaria de uma
Companhia (até então era alferes), desde o Rio Sergipe até São João de
Japaratuba, Capitania de Sergipe del-Rei[33],
em 30.03.1674, patente esta que já havia deixado[34]
em 20.04.1676.
De mais a mais,
custa acreditar que se Pedro Gomes de Abreu fosse realmente o genitor de D.
Maria da Cruz (2ª), esta tenha deixado de mencioná-lo pela maior patente que
tenha ocupado (Mestre de Campo), preferindo um posto que o personagem ocupou em
época bem distante (Capitão, 1638-1646).
Segundo o citado
documento e outros trabalhos de respaldo[35],
Pedro Gomes de Abreu também não foi casado com Domingas Francisca Travassos,
mas sim com Isabel da Costa Madeira, filha de Domingos Lopes Falcato e Águeda
da Costa.
Mais adiante será
explicada a importância de se determinar, com exatidão, a paternidade de D.
Maria da Cruz (2ª).
Domingas Francisca
Travassos era o nome de solteira da mãe de D. Maria da Cruz (2ª), o qual variou
para Domingas Ferreyra, após o casamento.
Os registros
documentais que traçam Paula Martins Chaves e Domingas Francisca Travassos, ambas
como filhas de Manuel Martins Chaves e Maria da Cruz Portocarreiro, não deixam
dúvidas, portanto, sobre a união deste casal. Logo, tirante a hipótese de
Manuel ter contraído novas núpcias, aceita-se que D. Maria era sua legítima
esposa.
II – Os Porto
Carreiro
Prosseguimos com
uma investigação genealógica do tronco Porto Carreiro.
Quem seriam os
pais de D. Maria da Cruz Porto Carreiro (1ª), esposa de Manuel Martins Chaves?
A Casa de Porto
Carreiro (Portugal) ou Porto Carrero (Espanha) teve origem numa das mais
importantes famílias da Andaluzia, quando D. Martin Fernandéz de Portocarreiro
(c. 1326 – c. 1370) reuniu os domínios de Moguer, de Villanueva del Fresno,
tornando-se o II Senhor de Moguer e I Senhor de Vila Nueva Del Fresno[36].
Registros antigos apontam para o uso desse nome por Raimundo Garcia
Portocarreiro (c. 1100 - ?) c.c. D. Gontinha Nunes de Azevedo.
Após o
entrelaçamento com famílias portuguesas, seu patrimônio transitou entre
Portugal e Espanha, com vários personagens prestando relevantes serviços aos
respectivos reis.
Porto Carreiro
também foi um antigo concelho que abrangia as freguesias de Abragão, Vila Boa
de Quires e Maureles, nos atuais municípios de Penafiel e Marco de Canaveses,
distrito do Porto[37].
Extinto na reforma administrativa promovida pelo decreto de 6 de novembro de
1836.
No Brasil, a
presença de personagens com este sobrenome pode ser constatada desde 1553,
quando D. João, Rei de Portugal, promoveu a Capitão-mor do Mar do Brasil, com
exercício em Salvador, a Francisco da Cruz Porto Carreiro, escudeiro fidalgo da
sua casa[38] e ferrenho combatente dos franceses na costa
brasileira. Francisco era filho de Christóvão Jacques – que esteve na
expedição de Gonçalo Coelho (1503), fundador de uma feitoria em Itamaracá
(1516) e encarregado por D. João III de combater os franceses que levavam o pau
brasil de nossa costa (primeiro guarda-costas do Brasil, 1526) – e de Francisca
Porto Carreiro, sendo também neto de outro Francisco Porto Carreiro[39] (1º), Anadel-mor dos Besteiros da Câmara[40].
Francisco Porto
Carreiro (2º) era, possivelmente, parente próximo de Domingos da Cruz
Portocarreiro, talvez ascendente direto. Dentre os ramos Porto Carreiro que
aportaram no Brasil, é possível observar a continuidade por alguns séculos do
tronco específico dos “da Cruz Porto Carreiro”.
Gisele Fagundes e
Nahílson Martins supõem Domingos da Cruz Porto Carreiro como pai de D. Maria da
Cruz (1ª)[41].
Domingos aparece recebendo uma sesmaria de seis léguas em quadra, na margem
direita do São Francisco, duas léguas acima da ponta da Serra da Tabanga, acima
do rio Gojurive, juntamente com Gaspar da Cruz Porto Carreiro (filho do
Capitão-mor de Sergipe, Amaro da Cruz Porto Carreiro, que por duas vezes ocupou
o cargo) e Pedro de Figueiredo, no ano de 1625, as quais tomaram posse em 1626.
Ditas terras
entestariam com outras de propriedade de Pedro de Abreu Lima (localidade de
Urubu de Baixo, futura cidade de Propriá-SE), segundo declaração do próprio, e
mais tarde passariam a Pedro Gomes de Abreu, instituidor do morgado de Porto da
Folha. A partir dessa constatação de vizinhança, somado aos documentos de Roque
Luís Macedo Câmara, os pesquisadores concluíram que o pai de D. Maria das Cruz
deveria ser Domingos da Cruz Porto Carreiro. Os fatos se encaixariam,
perfeitamente, à narrativa histórica, dado que laços de vizinhança geravam
amizades e, frequentemente, a união de famílias. O pai de D. Maria (1ª) seria
vizinho do seu avô materno.
Corroborando este
parentesco temos Venícinio Feitosa Neves[42]
e Alexandre Rodrigues de Souza[43], em dissertação para o mestrado em História da
Universidade Federal Fluminense, A “Dona” do sertão: mulher, rebelião e discurso
político em Minas Gerais no século XVIII.
Todavia, este não
foi o caso, conforme já explicado acima, pois seu genitor era o Capitão de
Infantaria de uma companhia de Sergipe Del Rei, Pedro Gomes Ferreira. Diante do fato de Pedro Gomes Ferreira e Domingos da Cruz Porto Carreiro
possuírem interesses econômicos e militares na mesa área geográfica, somado aos
poucos personagens com os sobrenomes da Cruz Porto Carreiro naquela quadra
histórica, continuamos a acreditar que Domingos possa ter sido o pai de D.
Maria da Cruz Porto Carreiro (1ª), mãe de Ana Gomes Vieira e sogra de João
Alves Feitosa.
Aparentemente,
Domingos da Cruz manteve boas relações com os holandeses por ocasião da
ocupação da Capitania de Pernambuco (1630-1654), pois lhes elaborou uma lista
dos currais de gado da capitania (1642)[44].
Trechos do
documento, em holandês, através do qual que Domingos da Cruz Porto Carreiro
pede para voltar para suas terras e apresenta uma relação de curraleiros ao
Conde Maurício de Nassau.
Seria este o homem
cuja a execução de bens foi impedida por Manuel Martins Chaves, pai de Ana
Gomes Vieira e sogro de João Alves Feitosa.
Outra
possibilidade aponta para Gaspar da Cruz Porto Carreiro, co-sesmeiro de
Domingos, em Porto da Folha.
III – Ainda sobre os
Martins Chaves
Além de Paula
Martins (que pode ou não ser filha de Manuel Martins Chaves, como demonstrado
alhures), os Martins Chaves, como se sabe, também se unem aos Feitosas a partir
do tronco Araújo Chaves.
D. Nazária
Ferreira Chaves, filha de Manuel, foi casada com o português Antônio de Sousa
Carvalhedo. Esses, por sua vez, foram pais do Capitão-Mor José de Araújo Chaves
e do Capitão Luís Vieira de Sousa (1º), sesmeiros conjuntamente ao Cel.
Francisco Alves Feitosa e Comissário-Geral Lourenço Alves Feitosa de uma
sesmaria nas ribeiras do Acaraú, datada de 17.07.1722[45].
Vários netos deste casal se consorciaram aos Feitosas, como por exemplo, Ana
Alves Feitosa, neta do Cel. Francisco Alves Feitosa c.c. o Capitão Luiz Vieira
de Sousa, sendo o casal considerado os fundadores do Município de Tamboril[46].
No século XIX, os
Araújo Chaves dividiriam o protagonismo político e econômico de São João do
Príncipe (Tauá) com os Feitosas e os Carcará (Saboeiro), sendo, portanto, o
estudo de tal família indissociável ao da Família Feitosa.
A ausência desses
últimos sobrenomes no registro da descendência ligada ao casal João Alves
Feitosa e Ana Gomes Vieira pode ser atribuída à inexistência de regras rígidas
para a utilização de sobrenomes. A própria Ana não possuía sequer um sobrenome
da mãe, de igual modo às irmãs, Nazária Ferreira Chaves e Paula Martins Chaves,
que herdaram o sobrenome do pai.
Os filhos do
casal, Lourenço e Francisco carregaram o nome da varonia, Alves Feitosa, sem
qualquer menção aos sobrenomes maternos.
Era comum, pois,
que se passasse adiante o nome do varão, muitas vezes sendo homenageados avós
ou outros parentes próximos, até mesmo padrinhos, em gerações posteriores.
Os filhos do
patriarca Cel. Francisco Alves Feitosa, por exemplo, ora carregavam o sobrenome
do pai (Francisco Alves Feitosa Filho, José Alves Feitosa, Pedro Alves Feitosa,
Maria Alves Feitosa e Luzia Alves Feitosa), ora homenageavam a mãe Ana Gomes
Vieira (Ana Gonçalves Vieira) e, possivelmente, um avô ou parente próximo, João
Ferreira Ferro (Manuel Ferreira Ferro).
Feitosas, Martins
Chaves e Porto Carreiro são famílias que se entrelaçam e cuja história estão
interligadas. Suas memórias mais remotas, aos poucos, estão sendo resgatadas e
devem continuar sendo objeto de atenção não só dos pesquisadores mais afeitos à
genealogia, mas também dos seus descendentes contemporâneos.
CONCLUSÃO
O estudo da
genealogia requer paciência e dedicação. É trabalho penoso, exaustivo, pouco
valorizado ou compreendido. Em analogia à teoria populacional do economista britânico
Thomas Robert Malthus, formulada no fim do século XVIII, sobre a possibilidade
de escassez de mundial de alimentos, pode-se dizer que “Enquanto as famílias
crescem em progressão geométrica, em dedução otimista, o interesse pela
genealogia cresce em progressão aritimética”.
Na medida em que o
pesquisador consegue evoluir pela linha ascendente dos personagens
investigados, os documentos vão rareando e, quando disponíveis, apresentam
dificuldades de leitura, seja pelo estado e conservação, seja pelo material
utilizado na época (papel de baixa qualidade e tinta que o manchava ou
transpassava) ou, ainda, pela dificuldade de compreensão do português aplicado
nos séculos anteriores, com caligrafias e expressões desconhecidas ou de
difícil compreensão, o que demanda bons conhecimentos de paleografia.
Essa ausência de
subsídios documentais favorece o fortalecimento da tradição oral como fonte
histórica, a qual a despeito de sua importância inquestionável, apresenta maior
falibilidade, não obstante os documentos, vez ou outra, também o serem,
conforme demonstrado no estudo do caso Pedro Gomes, notadamente em razão da
vasta homonímia quando os personagens carregam sobrenomes de famílias
numerosas.
Somem-se esses
fatores à dificuldade de se desconstituir os escritos de pesquisadores
pretéritos - os chamados cronistas da História - que a despeito de terem
realizado trabalhos brilhantes, dada a mesma escassez de fontes documentais –
hoje parcialmente suprida com a digitalização dos arquivos públicos e o advento
da internet – baseavam a maior parte de suas pesquisas na tradição oral ou
mesmo não confrontavam com as fontes escritas então disponíveis.
No tocante à
pesquisa proposta – entrelaçamento genealógico da Família Feitosa com os
Martins Chaves e os Porto Carreiro - o estudo das fontes documentais e
bibliográficas aqui reproduzidas nos autoriza tirar as seguintes conclusões:
1 - Ana Gomes
Vieira, esposa do Capitão João Alves Feitosa, patriarca da família Feitosa no
Brasil, era filha do casal Manuel Martins Chaves e D. Maria da Cruz Porto Carreiro, ambos
naturais de Penedo, Alagoas, então pertencente à Capitania de Pernambuco, sendo
desconhecida a ocupação de Manuel;
2 – Ana Gomes
Vieira tinha como irmãs Paula Martins Chaves, Nazária Ferreira Chaves e
Domingas Francisca Travassos (ou Ferreira).
3 – O possível
genitor de D. Maria da Cruz Porto Carreiro foi Domingos da Cruz Porto Carreiro,
sesmeiro em Porto da Folha, Sergipe, proveniente de nobre estirpe portuguesa;
4 – A 1ª esposa de
Francisco Alves Feitosa, Catharina Resende da Rocha Macrina, pode ter sido
prima de Francisco, se provado ter sido filha de Paula Martins Chaves ou mesmo
ter pertencido à família Montes ou Cavalcante Bezerra, sendo um dos mistérios a
ser resolvido.
Muito ainda há a
esclarecer sobre a parentela dos Feitosas, como por exemplo, em relação à D.
Catharina, uma das esposas de Francisco Alves Feitosa. Novos estudos podem
subsidiar o aprimoramento dos conhecimentos sobre a história familiar e sua
contribuição para a formação da sociedade nordestina no período colonial
brasileiro, dos quais esperamos ter contribuído, ainda que timidamente.
Fortaleza-CE, 15 de
fevereiro de 2020.
Marcelo Henrique Feitosa Marcelino
* Artigo revisado em 01.07.2020.
[1] FEITOSA, Leonardo. Tratado
Genealógico da Família Feitosa – 4. ed., fac. Sim. - Fortaleza: Arquivo da
Família Feitosa/Gráfica Canindé, 2011, p. 09.
[2] FEITOSA, Aécio. Feitosas: genealogia,
história, biografias – Fortaleza: Casa José de Alencar / Programa Editorial
- UFC 1999, p. 33. (Coleção Alagadiço Novo)
[3] FARIAS, Fernando Araújo. Araújo
Chaves & Feitosa: colonizadores do Centro-Oeste do Ceará, história e
genealogia – Fortaleza: Premius, 2014, p. 23.
[4]
CARTA que se escreveu ao Capitão-mor da Villa de Penedo Digo carta que se
escreveu a Manuel Martins Chaves. Documentos Históricos – 1663-1685,
Correspondência do Vice-Rei, dos Governadores Geraes e da Junta Trina – vol. IX
da série e VII dos documentos da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Augusto
Porto & Cia Typographia, Biblioteca Nacional, 1929, p. 370.
[5]
NEVES, Venício Feitosa. Cococy: História e Memórias da Família Feitosa –
Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2019, p. 31.
[6] CALMON, Pedro. Introdução e Notas ao
Catálogo Genealógico das principais Famílias, de Frei Antônio de Santa Maria
Jaboatão – vol. II - Salvador: Empresa Gráfica da Bahia, 1985, p.
572.
[7] FAGUNDES, Giselle; MARTINS, Nahílson. Alvará
de Perdão Concedido a Dona Maria da Cruz, Viúva. Montes Claros, 2006, p.
05.
[8]
O Quinto era um imposto cobrado por Portugal que incidia sobre a quinta parte
(20%) de todo o ouro extraído no Brasil.
[9]
CÂMARA, Roque Luís de Macêdo Leme da. Nobiliaquia Brasiliense ou Colesam de
todas as Familias Nobres do Brasil, de todas as Suas Capitanias, principalmente
daquella de S. Paulo, com a noticia certa donde sam oriundas, mortes e jazigos.
Lisboa, 05.fev.1792, p. 177.
[10]
MACEDO, Heitor Feitosa. Origens das Famílias Alves Feitosa e Ferreira
Ferro: Portugal e Brasil. Disponível
em <http://estoriasehistoria-heitor.blogspot.com/2018/07/1.html>.
Acesso em 27.jan.2020. O autor diverge apena em relação à paternidade de D.
Maria da Cruz, a nova, apontando Domingos Gomes Ferreira.
[11] NEVES, Venicio Feitosa. Op.
cit., p. 47.
[12] BRASIL. Inventário dos Documentos
relativos ao Brasil Existentes no Archivo de Marinha e Ultramar. V – Bahia
– 1801-1807. Org. Eduardo de Castro Almeida. Coleção Annaes da Bibliotheca
Nacional do Rio da Janeiro - vol. XXXVII, 1915. Rio de Janeiro: Biblioteca
Nacional, 1918, p. 423.
[13] FAGUNDES, Giselle; MARTINS, Nahílson Ibidem.
Op. Cit., p. 13.
[14] MATRÍCULA de Irmãos. Arquivo da Santa
Casa da Misericórdia da Bahia. ASCMBA. TR. IR. 1529 Livro 3. 314 (561). Termo
do Irmão Coronel Domingos Martins Pereira, fl. 56, 10 de abril de 1729.
[15] Ibidem, p. 13.
[16] MATRÍCULA de Irmãos. Arquivo da Santa
Casa da Misericórdia da Bahia. ASCMBA. TR. IR. 2202. Livro 3, 300v (539v). Termo
de matrícula de Manuel Rodrigues Vieira, 06 de abril de 1727.
[17] FONSECA, Antônio José Victoriano
Borges da. Nobiliarchia Pernambucana - vol. 02 – Rio de Janeiro:
Biblioteca Nacional, 1935, p. 427. (coleção Annaes da Bibliotheca Nacional do
Rio da Janeiro, vol. XLVIII, 1926)
[18] STUDART, Guilherme Chambly (Barão de
Studart) apud Antônio Gomes de Freitas. A petição de itens de
justificação que o Capitão Mor José Alves Feitosa apresentou para registro em
cartório com a assistência do Ouvidor Geral da Comarca do Ceará Grande para
produzir seus feitos. Coleção Antônio Gomes de Freiras, Fortaleza, c.
1970, s/n. Disponível em <https://institutoculturaldocariri.com.br/manuscritos/>.
[19] FONSECA, Antônio José Victoriano Borges
da. Nobiliarchia Pernambucana - vol. 01 – Rio de Janeiro: Biblioteca
Nacional, 1935, p. 20-26, 211, 432-439. (coleção Annaes da Bibliotheca Nacional
do Rio da Janeiro, vol. XLVII, 1926)
[20] GIRÃO, Raimundo. Montes. Machados.
Girões. Revista do Instituto do Ceará (RIC) – tomo LXXIX, ano LXXIX,
1965 - Fortaleza: Instituto do Ceará, 1967, p. 95.
[21] FARIAS, Fernando Araújo. Famílias
pioneiras na Colonização do Ceará. Fortaleza: Gráfica e Editora Pouchain
Ramos, 2002, p. 115.
[22] FEITOSA, Helvécio Neves; NEVES, Venício
Feitosa. Os Cabeça do Boi: descendência do patriarca Manuel Alves
Feitosa e Souza - Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2020, p. 32.
[23] FEITOSA, Leonardo. Op. Cit., p.
13.
[24] BRASIL. Annaes da Bibliotheca Nacional
do Rio da Janeiro – vol. XXIX - Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1935,
p. 201-204.
[25] FAGUNDES, Giselle; MARTINS, Nahílson. Op.
cit., p. 14.
[26] BOTELHO, Angela Viana ANASTASIA, Carla. D.
Maria e a Sedição de 1736 – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012, p.
150.
[27] Ibidem, p. 151.
[28]
D. Maria (2ª) teve os seguintes irmãos: 1. Antônia Gomes Travassos (ora
subsituindo este último por Santos); 2. Benta Gomes; 3. Frei Manoel da Madre de
Deus, “O Chaves”, guardião do Convento de São Francisco da vila de Penedo e
visitador-geral das missões pelo sertão; 4. Capitão José Gomes Ferreira,
morador na Paraíba, capitania do Ceará; 5. Capitão Francisco Gomes Ferreira,
Familiar do Santo Ofício e grande latifundiário. Para maiores detalhes:
MIRANDA, REGINALDO. Gonçalo de Barros Taveira: um familiar do Santo Ofício. Disponível
em <https://www.portalentretextos.com.br/materia/goncalo-de-barros-taveira-um-familiar-do-santo-oficio,12656>.
Portal Entretextos, de Dilson Lages Monteiro. Acesso em 12.fev.2020.
[29] Ibidem, p. 10. Nota de rodapé 12.
[30]
DILIGÊNCIA de habilitação de Alexandre Gomes Ferrão Castelo Branco. Tribunal do
Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações Incompletas, doc. 58. Arquivo
Nacional da Torre do Tombo. PT/TT/TSO-CG/A/008-002/58.
[31] KRAUSE, Thiago Nascimento. Em Busca da
Honra: a remuneração dos serviços da guerra holandesa e os hábitos das
Ordens Militares (Bahia e Pernambuco, 1641-1683). Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia,
Departamento de História. Niterói, 2010, p. 132-133.
[32]BOTELHO,
Angela Viana ANASTASIA, Carla. Op. cit., p. 148.
[33] PATENTE de Capitão da Infantaria da
Ordenança que de novo se criou desde o Rio de Sergipe, até São João de
Japaratuba, da Capitania de Sergipe del-Rei, provido em Pedro Gomes. Documentos
Históricos (coleção) – 1668-1677, Patentes e Provisões – vol. XII da série
e X dos documentos da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Augusto Porto &
Cia Typographia, 1929, p. 302-304.
[34] PATENTE de Capitão da
Infantaria da Ordenança que de novo se criou desde o Rio de Sergipe, até
Japaretuba Merim, da Capitania de Sergipe del-Rei, provida em Domingos Ribeiro
Lima. Idem, p. 405-406.
[35]
COSTA, Afonso. Genealogia Baiana. RIHGB. CXCI. 1946, p. 115
[36] GONZÁLEZ GÓMEZ, Antonio. Moguer
en la Baja Edad Media. Diputación Provincial de Huelva, Huelva, 1976.
[37] TOMÁS, Ana; VALÉRIO, Nuno. O Decreto
de 8 de novembro de 1836. Instituto Superior de Economia e Gestão Escolar,
Universidade de Lisboa, s/a, págs. 35,
44 e 157. (Série Documentos de Trabalho)
[38] BRASIL. Annaes da Bibliotheca Nacional
do Rio da Janeiro – vol. XXXV - Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1937,
p. 179-180.
[39] VARNHAGEN Francisco Adolfo. História
Geral do Brasil: leitura básica. Antônio Paim (org.) - Centro de
Documentação do Pensamento Brasileiro (CDPB), 2011, p. 60
[40] SOUSA, Antônio cateano de. História
Genealógica da casa real Portugueza. Tomo
III – Lisboa: Officina de Joseph Antonio da Sylva, 1737, fl. 133. O anadel era
o chefe dos besteiros. A besta é uma “antiga arma portátil que consiste em
um arco de madeira, chifre ou aço, montado em uma coronha, cujas extremidades
são ligadas por uma corda que se retesa por meio de mola e que, ao ser solta,
arremessa setas curtas, pelouros etc.; balesta, balestra.” In Dicionário
eletrônico Houaiss da língua portuguesa 2009.3.
[41] FAGUNDES, Giselle; MARTINS, Nahílson. Op.
Cit., p. 10.
[42] NEVES, Venício Feitosa. Op. Cit.,
p. 51.
[43] SOUZA, Alexandre Rodrigues de. A “DONA” DO
SERTÃO: mulher, rebelião e discurso político em Minas Gerais no século XVIII. Dissertação
(Mestrado em História) - Departamento de História, Instituto de Ciências
Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2011, p.
37.
[44] PETIÇÃO de Domingos da Cruz Porto Carrero ao Governador Geral e ao Conselho pedindo-lhe que seja recuperado de suas terras chamado Porto de Folio, localizado entre Tabanga e Jaesioba no Rio São Reij. [1642] fl. 156, 156v, 157. Nationaal Archief. Collectie Archieven Oude Francisco, com uma lista de eleitores eleitos da Capitania de Seregippo del 1630-1654. Nº 57, 1642. 156. Nationaal Archief/HO. West -Indische Compagnie (OWIC). D.., Kamer Zeeland. D. 4., Brazilië. 49-67., Overgeko men brieven en papier en van Brazilië.
[45] FEITOSA, Aécio. Op. Cit., p. 227.
[46] FARIAS, Fernando Araújo. Araújos e
Feitosas: Colonizadores do Alto e Médio Acaraú. Fortaleza: Fundação
Cultural de Fortaleza, 1995.
Olá Marcelo;
ResponderExcluirSeu descendente de Júlio da Costa Barros que era casado com uma mulher da família Feitosa, porém de nome desconhecido.
Por acaso você tem informações sobre o entrelaçamento entre os Feitosa e os Costa Barros da região do Inhamuns?
Muito obrigado!
Não conheço essa ligação.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo, Marcelo! Perdoe-me se parecer indelicadeza, mas para fundamentar um trecho deste seu magnífico trabalho, no que tange à declaração de José Alves Feitosa acerca da ascendência de Catarina Cardosa, seria de muito bom alvitre que você pudesse ter conhecimento também sobre a origem dessa fonte. Logo, permita-me! Tal documento foi encontrado por mim no ano de 2018, no arquivo do Padre Antonio Teodósio Nunes, um dos maiores genealogistas da história do Ceará. Como fui constituído pela família dele na qualidade de advogado, a fim de tratar do inventário, e sabendo os herdeiros de minha curiosidade por velharias, fiquei na posse dessa importantíssima documentação, a qual digitalizei e disponibilizei no grupo Inhamuns-Feitosa bem como no site do Instituto Cultural do Cariri (ICC - Ver: https://institutoculturaldocariri.com.br/manuscritos/), ao tempo em que fui presidente desta instituição. Talvez o manuscrito original, hoje, sequer exista na Coleção do Barão de Studart. No entanto, o endereço do ICC pode conferir maior veracidade ao referido documento, transcrito e datilografado pelo admirável Antonio Gomes de Freitas. Mais uma vez, parabéns pelo excelente trabalho e que vc se mantenha firme nas pesquisas, pois somos poucos para investigar tanto assunto. Forte abraço!
ResponderExcluirObrigado Heitor! Sim, de fato obtive o documento através da sua disponibilização no grupo citado, à qual desde já agradeço, assim como a outros colaboradores. Quanto a estar no site do ICC eu desconhecia. A referência será acrescentada. Abraço e estamos juntos nessa empreitada!
ExcluirParabéns pelo trabalho, Marcelo. Sou descendente por varonia de Domingos Martins Pereira (e Catharina do Prado de Oliveira) e, portanto, das duas Marias da Cruz Portocarreiro. Tenho pesquisado os Martins Pereira e famílias ancestrais, e em 2011 tracei umas pinceladas no bligspot. Embora esteja um pouco desatualizado, convido-o assim mesmo a conhecer o post em
ResponderExcluirhttp://caveab.blogspot.com/2011/07/mauro-lobo-martins.html?m=1
Obs: sempre tive a impressão de que Domingos da Cruz Portocarreiro tenha sido o pai da primeira Maria da Cruz. Torçamos para que um dia um documento venha à luz que desvende esse mistério. A propósito, não conhecia a figura de Francisco da Cruz Portocarreiro, um muito provável ancestral dos nossos da Cruz Portocarreiro. Abraço e, mais uma vez, parabéns!
Obrigado Pedro. Conferi o seu trabalho, de qualidade inquestionável.
ExcluirProcuro informações sobre Salustiano Lucio Nogueira Feitosa
ResponderExcluirFalecido(a)
LDZ2-W8G
Pode ajudar-me?
Desculpe, mas não conheço esse Salustiano. Incluirei nas minhas anotações e, caso encotre algo, aviso-te.
ExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
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ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOlá Marcelo,
ResponderExcluirRealmente um excelente e esclarecedor artigo acerca de nossas origens, muito bom mesmo!
Existe alguma fonte que cite os nomes dos ascendentes de Domingos da Cruz Portocarreiro, além da figura de seu pai , que seria Luiz da Cruz Portocarreiro, e que , assim, permita ligar esse ramo ao tronco português da família Portocarreiro?
Estou tentando expandir a árvore genealógica existente no site Geni.com, entretanto encontrei dificuldade ao chegar a Luiz, que supostamente seria o pai de Domingos, pois, apesar da importância dessa família , nada consigo encontrar que possibilite os conectar de fato aos Portocarreiros clássicos de Portugal.
Agradeço desde já!
Olá Pedro! Desconheço o personagem Luís da Cruz Portocarreiro. Embora possa, realmente, ter existido, é preciso confirmar com fontes confiáveis. Até o momento, não encontrei publicações que o citem. Ficarei atento!
ExcluirAgradeço a visita e comentário.
Atencisoamente,
Olá Marcelo,
ResponderExcluirBoa tarde.
Parabéns pelo Blog, gostei muito das informações.
Meu trisavô se chamava Cândido Martins Chaves foi casado com Maria de Paula Chaves, ele era da região de Crateús depois se instala na região da Ribeira do Curu,sempre procurei informações sobre ele, mas nunca encontrei tantas informações. Gostaria de saber se em suas pesquisas você já se deparou com alguma informação ou com esse nome "Cândido Martins Chaves"
Desde já agradeço.
Att.,
Roberto Moreira Chaves
Olá Roberto, seja bem vindo a este blog! Infelizmente, ainda não topei com este personagem. Vou registrá-lo e caso o encontre o aviso.
ExcluirGostaria de te parabenizar por este blog, estou pasmo por tanta informaçao a respeito de nossa familia, tenho pesquisado bastante a respeito do meu bisavô, Jose Inácio Feitosa, ele é oriundo dos inhamuns, e ta bem dificio pois não sabemos a cidade, e você fez um trabalho maravilhoso no blog.
ResponderExcluirOlá Alan, agradeço os elogios! Continue nos acompanhando! Torço que encontre mais dados sobre os seus ascendentes!
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